11/30/2016

SE NÃO ME ENGANO

Se não me engano, eu me engano para fazer parecer real a ficção de onde se alojou meu coração e o meu corpo. 
Foi tão frágil essa ficção que o tempo a dissolve gradativamente... Quanto mais ele (o tempo) passa,
Mais no real se inscreve nossa "estória"
E cada vez mais distante se percebe a possibilidade de uma "história" para nós dois. 
Uma "estória" que ao chegar perto do seu fim já fazia sentir menos paciência em virar cada página: De subito, rasguei todas elas! 
Como faço com os poemas que escrevo e não gosto, 
Assim que percebi que era mais uma estória vagabunda, daquelas de fundo de prateleira da pequenas bancas de jornal.


II 
Nós, os autores dessa ficção, contruimos um início empolgante, mas não soubemos conduzir muito bem a trama
Parece que ja sabíamos Quando prevíamos nos perder... 
a estória perdeu o sentido a cada novo capítulo
E agora, 
Jaz sem pé nem cabeça essa trama.
Começou tão bonito, eu diria até romântico,
teve momentos de ação e de tirar o fôlego! E acabou. 
De uma maneira feia e sem graça! 
Perdeu-se o fio da meada...


III 
E me pergunto: 
já que não temos uma "história", 
na nossa "estória",
se tivesse um narrador, como ele me descreveria? 
Como descreveria a você? Sei que não sou a mocinha... 
E você também sabe que não é o príncipe... 
Então quem seríamos eu e você?

IV 
Mas meu corpo teimava sempre a voltar ao seu chamado...
Mas de hoje em diante, não haverá mais chamados a serem ouvidos, Simplesmente
Porque seu silêncio me ensurdeceu.


Autora: Glenda Almeida Pratti

QUANDO VOCÊ FOI EMBORA

Quando você foi embora
A casa ficou vazia
A pia ficou cheia
Minha vida bagunçou. 

Quando você foi embora
Eu perdi a medida
Eu me vi sem saída
A um passo do fim.

Quando você foi embora
Eu culpei o destino,
Eu chorei meus desatinos
Eu desabei.

Foi então que percebi
Que mesmo ainda junto de mim
Você ja tinha ido embora.
A sua ausência se fazia o tempo todo, todo dia:
No bom dia que não me deu
No sorriso que se perdeu
Nas vezes que não queria brincar com nosso filho
Nas vezes em que recusava me amar
Nas vezes em que me fazia esperar
Na falta de ajuda com as compras a carregar
Na resistencia do chuveiro a trocar
Na casa que a gente ainda não tinha
No carro que era só meu
Nos projetos que não se fazia
Nas cores que a casa não tinha
Eu, você, cada um na sua ilha.

Quando saí de casa,
carreguei comigo nosso filho e uma mala quase vazia
Mas de lembranças,
carreguei muitas coisas...
Até daquilo que eu não via e hoje eu consigo ver
Tudo que eu ainda não tinha
Mesmo quando tinha você.
E hoje, é triste dizer que tudo, mesmo muito difícil e ruim, ainda assim, é bem melhor sem de você.

Autora: Glenda Almeida Pratti