11/27/2015

Um outro lado da paixão


As pessoas costumam falar da paixão como um certo esmaecimento do eu em função do outro, mas essa, é só mais uma interpretação. Talvez seja justamente o contrário. Há um outro lado da paixão. A paixão, pode ser entendida também como uma certa "licença" para se ver desejante. Quando se está apaixonado parece que tudo se justifica mesmo sem justificação. É a loucura permitida!




EI, LUA!


Ei lua, não demore muito em chegar 
Você vem com brilho 
E eu com o olhar 

Você, zombando da tristeza 
Aí, sempre altiva! 
é dos chorões de plantão, 
a sua perdição. 

Talvez seja muita sacanagem, 
A desses homens que comparam você com suas musas: 
Eles falam da beleza, 
Mas a sua... 
é atemporal. 
E a delas? 

Não seria... carnal? 

Mas... 
E se for a beleza da alma? 
Aí, só se for comparada ao seu brilho que se vê apenas na escuridão! 
Talvez, esse mesmo seja o caso da paixão: 
Aquilo que se vê, justamente, na escuridão, 
Pois é no fechar de olhos que a paixão aparece. 

Se tratando de paixão, 
vejo demais,
 onde não há nada para ver; 
E quando deixo de ver, 
é que acabo vendo mais do que deveria 
Por isso, lua,
Quando olho demais, não é para te ver, 
mas é para ver em mim aquilo que consigo ser. 
E é só por isso, lua, 
que quero que você não demore! 

Quando quero que você chegue logo, não é para te ver, 
mas sim, para me ver!
Pois só por alguém, me permito aparecer. 
Portanto, lua, 
Não demore muito, pois eu quero me ver 
Mas não quero espelho,
não quero reflexo e nem reflexão 
Não quero imagem
Quero me ver amar, gozar, sonhar 
Quero me ver em ação 
E do jeito mais egoísta possível: 

Na paixão.